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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Meu lugar é nEle

    Era uma vez um barquinho de papel em uma bacia de água posta sob um não sei o quê que tanto movimentava... As ondas da bacia jogavam o barquinho de papel contra a parede da bacia... de modo a rasgá-lo. Como toda embarcação a qual é feita por laços de amor o barco de papel tinha um nome, chamava-se Ministério. 
    Existia uma menina dentro do barco. A todo custo, ela tentava decidir a direção, mas as ondas eram mais fortes, os movimentos externos ditavam a direção do Ministério. Em uma noite de tormenta, aportou o barco no porto da Redenção onde conheceu um navegador chamado ES. Ele havia se tornado seu amigo, embora ela não o conhecesse bem, ela a conhecia demais... parece que era amigo do seu pai, que conhecia sua familia, que a conhecia desde a infância... ES tinha uma conversa esquisita, falava de expandir horizontes, falava que havia mais do que ela poderia ver, falava de águas transformadoras de barcos e oceanos que poderia transformar o Ministério em um grande navio de embarcação, talvez até de cruzeiro!!!
Subiu no barquinho modesto, subiu com um sorriso no rosto o qual ela não conseguia entender, e sempre se referia a ele como Navio. "é um barco"; "nao vejo um barco de papel, vejo um grande Navio".Diziam eles. "Quem fez o barco?", ele perguntou. "não sei, ganhei há muito tempo, acho que sempre foi meu, mas não sei quem o construiu", respondia ela.
     Naquela noite, foram para alto mar, o barco ficou uns dias ancorado, a menina precisava entender aonde estava para perceber aonde iria. Ironia: ela não sabia aonde estava, mas sabia que queria mais do que qualquer outra coisa as águas profundas próprias para navios, queria as águas transformadoras, queria ver o Ministério sarado dos atritos, reerguido e completamente novo, não mais com a fragilidade do papel mas com a fortaleza com que aquelas águas fortaleciam. Aquilo era um sonho...
    Alguns dias passaram, o barco já não estava ancorado, era hora de partir. Rasgava-lhe o peito e o entendimento pensar que estava indo pra algum lugar, mas não sabia pra onde. Era noite e naquela noite chovia... já estavam há dias navegando... havia muita, muita chuva e a menina estava em um quartinho no meio do barco observando mansidão com que ES conduzia mesmo na tempestade. Queria sair dali... queria tomar o leme... queria ascender faróis... queria qualquer coisa que lhe fizesse entender que ela estava no controle. Passar a direção do barco fora a coisa mais difícil que já fizera.
    Voltou à cama e chorou... chorou a noite inteira até dormir. No entanto, a manhã sempre chega e chegou. E ela pode perceber que o haviam velas no barco. A menina já não via as paredes da bacia... existia um horizonte aonde o céu encontrava o mar e lá naquela linha, ela podia ver os seus sonhos... Não sabia pra onde estava indo ao certo, mas sabia que o barco seguia a direção daquilo e era pra lá que o vento soprava.
    Pouco a pouco, a menina percebia as pequenas mudanças no Ministério, pequenas percepções acerca da pessoa que navegava, acerca da estrutura da embarcação, acerca das águas em que navegavam. Quantos segredos e quantos mistérios haviam ali? As águas tinham vida, trazia vida, mudavam a vida.
    Perplexa, sentou-se na cadeira, percebeu um entalhe de nome gravado no barco que mostrava quem o havia feito. Duas letras e lágrimas nos olhos: ES. A menina sentou no chao... e no balanço do projeto de navio chorava... chorava.. Não sabia para onde estava indo, mas sabia que sua vida estava sendo transformada. Ainda não sabia pra onde estava indo, mas sabia que o Capitão da embarcação era quem dava vida a tudo aquilo...  Tudo ali era dele, nada havia sido dela. Ele estava no controle, ela nunca mais seria a mesma!!  

Essa menina sou eu. O Ministério é o meu lugar em Cristo. O Capitão é o meu amigo Espírito Santo. E essa é a melhor maneira que encontrei que mostrar o momento peculiar em que estamos eu e Ele.  A percepção de que tudo é dele e que tudo em mim converge pra Ele como se todos os meus sonhos só encontrassem sentido na Sua presença... estou no barco... nao faço idéia do lugar aonde Ele está me levando, mas sei que Ele, mais uma vez, está mudando a história da minha vida e transformando meu ministério. Não consigo não chorar diante disso. Sentar e chorar e perceber: eu posso ter tudo, mas nada faz sentido se eu não o tiver comigo. Porque tudo é dele, por ele, para ele... inclusive eu, Fico emocionada... não posso ser mais amada e nada do que eu faça é suficientemente bom para agradecer a paz e o alívio que a presença dEle me traz.
Existe mais dEle pra mim.
Existe mais de mim pra Ele!!!
Amor sem fim.

Léa Mont'Alverne de Barros Albuquerque

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